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20 Dezembro, 2024 | Entrevistas, Imigrantes

À conversa com Jaqueline Hills

“Os nossos imigrantes”… Espaço mensal de encontro intercultural

Este mês, trazemos a história de Jacqueline Cairnie Hills, uma escocesa que encontrou em São Brás de Alportel uma comunidade acolhedora e uma vila a que chama de casa há 35 anos.

Jaqueline Hills

Natural de Edimburgo, na Escócia, Jacqueline Hills, viveu muitos anos na Inglaterra, em Birmingham e mais tarde em Coventry, onde cresceu, trabalhou e formou a sua família, ao lado de David Hills. Juntos vieram passar férias ao Algarve com os filhos, Susy e Robert, de 6 e 10 anos, e ficaram encantados com a região. Após voltar e regressar à sua rotina deram por si a pensar que levavam a vida demasiado dedicados ao trabalho. “Tínhamos vários negócios na Inglaterra e só trabalhávamos, não tínhamos tempo para nada. Um dia, num domingo, à volta da mesa do almoço com os nossos filhos, decidimos mudar… tomámos a decisão assim, do nada! Queríamos ter uma vida mais simples e calma. E se porventura não gostássemos ou não nos ambientássemos ao estilo de vida, então voltaríamos para a Inglaterra.”

Felizmente, não foi o que aconteceu! Em 1987, com o apoio e admiração da família pela coragem da decisão, começaram uma nova vida no Algarve, local a que rapidamente se adaptaram. Viveram em Albufeira, Paderne e Vilamoura e só mais tarde, no ano de 1989, descobriram São Brás de Alportel, quando Jacqueline se cruzou profissionalmente com alguém que tinha uma casa para vender no Peral. “Era exatamente aquilo com que sonhávamos”, afirma.

Foi nessa casa dos seus sonhos, que a família viveu durante os 12 anos seguintes. Contudo, circunstâncias da vida levaram a que o casamento do casal britânico se complicasse. Na tentativa de o salvar, a família decide mudar-se para São Lourenço, em Almancil, mas infelizmente não resultou e o casal seguiu caminhos diferentes. Por essa altura, a vila sao-brasense já havia deixado a sua impressão no coração de todos eles, e muito em particular de Susy, que ainda jovem, mantinha grande parte das suas atividades e amizades em São Brás de Alportel de onde nunca tinha querido sair.

Por volta do ano 2000, a filha de Jacqueline decide comprar a sua primeira casa. Não podia fazê-lo senão em São Brás de Alportel, localidade que sempre considerou a “sua terra” e onde nunca deixou de ser feliz. Jacqueline volta assim a 100% ao lugar a que chama de “casa” e onde é feliz, perto da sua filha. Recentemente, a sua felicidade ficou ainda mais completa, por altura da preparação do casamento de Susy e do seu noivo Manuel, quando em prol do grande dia da filha, que se casou em 2023, voltou a criar laços de amizade com o ex-marido, depois de 20 anos de separação. “O David também era conhecido por muitos em São Brás de Alportel e hoje em dia, como frequenta a vila frequentemente, as pessoas começaram a reconhecê-lo. Também ele se sente muito acolhido pelos são-brasenses” conta feliz pela sua família.

Atualmente, a residir no Sítio da Campina, Jacqueline é bastante ativa na comunidade local, garantido que é pouco o tempo que lhe sobra. “Faço parte do Exército de Salvação (Igreja Evangélica em São Brás de Alportel), onde fui chamada por Deus, há 35 anos, a abrir uma Igreja aqui, na vila que escolhemos para morar e fazer vida. Também sou membro ativo na Banda de Metais na igreja e frequento as aulas de Aqua fitness” conta. “Sou reformada, mas mantenho-me sempre ocupada, sempre com muitas coisas por fazer. Às vezes precisava de mais horas no meu dia”, refere, recordando que sempre foi uma mulher trabalhadora. Profissionalmente, começou aos 16 anos, como secretária privada e secretária administrativa em locais como a Câmara Municipal de Coventry e o Hospital George Eliot em Nuneaton. Em Portugal, dedicou-se à área dos seguros, com David, seu marido na altura, e mais tarde à área do marketing de comunicação dos jornais e revistas: The Resident, Discover Algarve Magazine e Entdecken Sie Algarve.

Acarinhada por todos, Jacqueline conquista facilmente os que a rodeiam. “Sinto-me parte da comunidade portuguesa e dos São Brasenses. Sou muito conhecida e todos me falam bem. Aqui é a minha vida, o meu lar e, sinceramente, não me vejo em mais nenhum lado” diz convicta. Reconhece e admira o “ambiente amigável e familiar” que se vive em São Brás de Alportel e isso é algo que lhe enche o coração. “Em tudo vemos as famílias unidas, calorosas e há sempre uma palavra amiga, um ´olá´ quando se passa na rua. É uma comunidade que me recebeu e à minha família de braços abertos”.

E como qualquer filho da terra, que quer o melhor para aquele lugar que é seu e para os que a rodeiam, também tem sugestões para melhorar o que encontra menos bem. Diz que na sua zona seria importante uma revisão da recolha e higienização dos caixotes do lixo, que muitas vezes se encontram demasiado cheios e pouco limpos, e acrescenta que gostaria que houvesse mais apoios para pessoas reformadas e idosas como ela.

“Recebemos muito pouco de pensão e mal dá para viver e sobreviver. Às vezes um cabaz alimentar ou desconto na conta da água já poderia fazer a diferença” explica. Conselhos de quem quer ver os seus bem e a terra que tanto acarinha, limpa e cuidada.

Jaqueline Hills
Jaqueline Hills

via verde desenvolvimento

Via Verde para o Desenvolvimento

SÃO BRÁS DE ALPORTEL ON

Espaço de divulgação de projetos de empreendedorismo são-brasense da responsabilidade do Município de São Brás de Alportel

Esta rúbrica pretende dar a conhecer novos empreendedores e projetos são-brasenses, numa iniciativa do Gabinete do Empreendedor da Câmara Municipal, em parceria com os jornais locais. Pode ler mensalmente esta rubrica em ambos os jornais locais, no sítio do município em www.cm-sbras.pt e nas redes sociais.