“(…)muitos sambrasenses não compram os jornais da nossa terra, o que é pena pois eles trazem sempre tão útil e boa informação.”
Num artigo recente do Jornal Sambrasense sobre o tema da venda dos dois burros pertencentes a João Paulo, vendedor de peixe na praça da nossa Vila de S.Brás de Alportel, ao proprietário do restaurante HORTA, situado no sítio da Estação junto à estrada para Tavira, aprás-me dizer o seguinte: durante alguns anos costumava ver os dois jumentos na pastagem junto ao campo de futebol e também na Feira da Serra mas não sabia quem era o dono pois como não vivia em S.Brás evidentemente que não sabia muito do que por cá se passava.
Um dia destes na praça e na banca do João onde normalmente compro peixe, perguntei-lhe: «João, então vendeste os burros ao dono do restaurante Horta?”, respondeu-me ele «Como é que você sabe disso?», «Ora, li no jornal sambrasense». Então já com a sua mulher interessada na conversa disse-me: «Então não me arranja um jornal desses?» «Claro, é só ir à papelaria aqui ao lado que lá vendem esse jornal». «Então compre-nos lá um pois nós estamos ocupados, se faz favor… » Fui à papelaria junto ao mercado e não tinham, estava esgotado. Resolvi ir à papelaria junto à rotunda da cortiça e aí sim, havia. Comprei e entreguei ao João que me deu um euro do seu custo, agradeceu-me o incómodo, que não foi nenhum, ficando eu a pensar que certamente muitos sambrasenses não compram os jornais da nossa terra, o que é pena pois eles trazem sempre tão útil e boa informação.
Contava meu pai que depois de ter andado na 1ª Grande Guerra em França e depois emigrado para a Argentina, o seu pai e portanto meu avô faleceu deixando como herança aos seus seis filhos um burro. Com o meu avô vivia sua filha mais velha, a Ti Maria Joana, que por ter o burro em seu poder em vida de seu pai queria continuar com a sua posse. O outro filho, o Ti João Manuel, vivendo paredes meias com a irmã Joana também queria o animal e então como não podiam dividir o burro em duas metades resolveram escrever para a Argentina a pedir aos três irmãos que lá estavam as partes que lhes cabiam. Os três reunidos acordaram ceder as suas partes ao irmão João por considerarem ser o mais necessitado.
Por aqui se pode avaliar quanto era indispensável ter na sua posse um simples burro de carga pois com ele muito e bom serviço prestava a seus donos.
E aqui termino mais um apontamento que julgo ter algum interesse para ser publicado no nosso jornal.
Vítor Horta