Lojas com História: LC Mármores

Este mês fomos até o n.º 81 da R. Luís Bívar visitar a LC Mármores, fundada por Litério Caetano em 1959. São mais de 6 décadas de ligação com a comunidade, tanto na produção e personalização de pedras para construção e decoração, como para as pedras de sepulturas e outros acessórios relacionados com a homenagem aos entes falecidos.

Nascido nos Funchais, a caminho do Corotelo, em terra de pedreiras, Litério era um de 6 filhos de José Caetano que trabalhava as pedras naquela zona. Preparava sobretudo pedras para os calceteiros fazerem as calçadas. Com ele, começaram a trabalhar os 3 filhos homens.

Entretanto, Litério foi trabalhar em Cascais que era o melhor sítio para aprender a trabalhar as pedras para a construção, soleiras, parapeitos e peças de maior detalhe.

Quando regressou a São Brás de Alportel, Litério arrendou um terreno na rua Luís Bivar, onde atualmente está instalado o supermercado Pingo Doce. A sua filha, Leonilde Santos, conta que começou por montar uma tenda e assim começou a trabalhar. Estando perto do cemitério, rapidamente começaram a chegar pedidos para fazer pedras tumulares até porque na vila não existiam empresas a fazer esse serviço. Passados alguns meses, as encomendas justificaram que desse trabalho ao seu irmão José Cipriano.

“Era tudo manual. Demorava uma eternidade” a fazer as peças, recorda Leonilde.

Aos poucos foi comprando mais máquinas e contratando mais trabalhadores e Leonilde aos 20 e poucos anos já ia ajudar o pai com a faturação.  A LC Mármores manteve-se no local até 1994.

Litério comprou depois o terreno em frente ao local onde tinha a empresa. O espaço que já fora uma fábrica de madeiras onde se construía carros de mulas tinha fechado e foi transformada na nova oficina e escritório da LC Mármores.

Em 1997, com apenas 59 anos, Litério faleceu sem ter conseguido ver os seus planos para a empresa completos. A filha e o genro Humberto Santos assumiram o negócio e têm lutado levar a empresa ao patamar que Litério queria atingir. No início deste ano, passou o negócio à filha Susana e ao genro Décio Dourado.

Enfermeira de formação e por vocação. Susana diz que a passagem para a liderança da LC Mármores faz sentido porque a empresa sempre fez parte da sua vida e recorda com saudade o avô a trabalhar na oficina e as viagens até Vila Viçosa para escolher as pedras.

Susana diz que o avô “era um visionário” e um homem metódico que sempre dizia: “máquinas novas sim que as velhas dão dores de cabeça”.

“Temos vindo a trabalhar e a melhorar porque ainda havia muita coisa para acabar”, recorda Leonilde explicando que têm feito sempre um esforço para modernizar o negócio e comprar novas máquinas, mas sempre com passos seguros.

“Para conseguir as coisas leva-se uma vida. E tem sido uma vida nesta luta”, comenta.

Se o trabalho da pedra é complexo e árduo, o contacto com os clientes, em particular dos que ali se deslocam porque um ente faleceu é um trabalho delicado.

“As pessoas veem muito fragilizadas e é preciso entender e saber ouvi-las. Acho que é uma das coisas mais importantes”, refere Leonilde notando que as pessoas desabafam e saem mais aliviadas.

Ao longo de mais de seis décadas têm vindo também a acompanhar as tendências e preferências dos clientes. Se antigamente as sepulturas eram sobretudo feitas de mármore com flores em alto relevo, agora a escolha recai mais sobre granitos simples. Se noutros tempos se preferia a pedra dos Funchais para a construção, depois passou a recair mais sobre as pedras moleanos e os granitos e agora são os compactos e os quartzos que estão no topo das escolhas dos clientes.

Ainda numa fase inicial a tomar as rédeas da empresa, Susana admite que ainda está num processo de aprendizagem e adaptação em que conta com a ajuda da mãe.

Contudo, garante que o objetivo passa sempre por homenagear o avô através da modernização da fábrica e dar continuidade ao fornecimento de produtos de qualidade que satisfaçam os clientes.

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Textos: Sofia Silva / Marlene Guerreiro

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