“OS NOSSOS IMIGRANTES”

Espaço mensal de encontro intercultural À conversa com Paul Connolly e Fidelma Meehan

Nesta edição damos a conhecer Paul Connolly e Fidelma Meehan, mais um bom exemplo de integração na comunidade de São Brás de Alportel.

Nesta edição damos a conhecer Paul Connolly e Fidelma Meehan, mais um bom exemplo de integração na comunidade de São Brás de Alportel.

Paul Connolly nasceu e cresceu na Irlanda e ali viveu a maior parte da sua vida. Concluído o curso universitário na área de gestão e negócios, decidiu seguir algumas das suas paixões, nomeadamente: a vida selvagem e a fotografia. Paixões que o levaram, aos 25 anos, até à Zâmbia, em África. Trabalhou como contabilista a nível internacional, foi diretor financeiro de uma empresa de engenharia civil em África, responsável pela construção de estradas e barragens, uma pecuária em grande escala, uma quinta de flores e até um casino. Em 1997 regressou à Irlanda onde continuou a trabalhar na área da contabilidade.

Nesse mesmo ano foi de férias para a neve da Baviera alemã sem saber que ia conhecer e apaixonar-se pela sua conterrânea Fidelma Meehan que conta com uma carreira de 35 anos dedicados ao ensino universitário de inglês e da língua nativa irlandesa: o gaélico.
Genuinamente interessada em ajudar o próximo, Fidelma dedicou os três meses de férias que tinha anualmente ao voluntariado no Maláui, num Kibutz em Israel, em orfanatos romenos, no Iraque e no Curdistão. Confessa que a experiência a fez sentir que em vários momentos ajudou e encorajou pessoas, nalguns dos momentos mais difíceis das suas vidas.
O amor entre Paul e Fidelma cresceu e ambos têm seguido caminho juntos.
Em 2007 compraram um apartamento em Albufeira para passar férias. Quando se reformaram, ponderaram morar na França, mas acabaram por se sentir atraídos por Portugal porque dizem sentir semelhanças na maneira de estar dos portugueses e dos irlandeses, com a vantagem de poderem usufruir de um clima mais agradável.
Pouco tempo depois, assistiram a uma celebração, onde um ministro cristão desafiou o grupo que assistia a pensar em formas de contribuir de forma positiva para a comunidade portuguesa. Um desafio que mudou o rumo deste casal que decidiu que iria criar um projeto de plantação de flores e venda das mesmas em mercados locais e a clientes com vista à angariação de receitas para causas solidárias portuguesas, como o Exército de Salvação com quem já colaboram, e que pudesse criar alguns postos de trabalho. “Flores pelas doações”, sublinha Paul.
Mas para a concretização deste novo rumo, demonstrou que precisavam de uma propriedade diferente. Agora queriam viver numa propriedade que lhes permitisse desenvolver o projeto, numa vila portuguesa com boas comodidades e boa ligação à A22 e ao aeroporto.
Uma propriedade na Rocha da Gralheira com cerca de um hectare acabou por cativar o casal que vive em São Brás de Alportel há ano e meio. Estão entusiasmados no processo de recuperação da casa que data de 1875 e à qual querem dar nova vida.
Paul e Fidelma confessam que o projeto solidário tem sido um mote facilitador para a adaptação e integração na comunidade. Aqui têm conhecido muitos fornecedores e comerciantes. Muitos já consideram amigos. 
“À semelhança de África, a comunidade “ex-pat” (residentes oriundos do Reino Unido) é muito aberta a novos amigos e muito hospitaleira. Além disso, os portugueses são de alguma forma parecidos com o povo irlandês com a sua atitude relaxada e amigável”, observa Paul enquanto Fidelma confessa que quando escolheram São Brás não se tinham apercebido da importante comunidade estrangeira residente no concelho.
Sentimos que Portugal é talvez dos países mais tolerantes que conhecemos. Não há sinal de tensão racial e isso é ótimo!”, observa Paul.
“Gostamos dos esforços da Câmara Municipal para a promoção de muitos eventos na comunidade”, refere Paul apontando também como positivo a diversidade de bons restaurantes e cafés e da “mistura” entre portugueses e “ex-pats” que são muito hospitaleiros. 
Entretanto, têm vindo a acompanhar o trabalho desenvolvido no Museu do Traje, pelo Grupo Amigos do Museu e estão a pensar associar-se a breve trecho.
“Também gostávamos de criar uma boutique de flores às sextas à tarde e aos sábados de manhã na Quinta que permitisse às pessoas colher as suas flores e fazerem os seus arranjos florais. Todos serão bem-vindos!”, concluem.

São Brás de Alportel, julho de 2022

Espaço da responsabilidade do Município de São Brás de Alportel, sob coordenação do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, localizado no Centro de Apoio à Comunidade

Texto: Sofia Silva

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